CAF lança oficialmente a Superliga Africana, “para transformar o futebol do continente para sempre”
A nova competição continental promete gerar receitas maiores aos clubes africanos e deve começar na temporada 2023/24
Prometendo “transformar o futebol do continente para sempre”, o presidente da Confederação Africana de Futebol, Patrice Motsepe, lançou oficialmente a Superliga Africana nesta quarta-feira, um torneio que reunirá 24 clubes entre agosto e maio, começando na temporada 2023/24, e que segundo os dirigentes tem potencial de arrecadar centenas de milhões de dólares.
A nova competição, que será a terceira continental na África e por enquanto dividirá espaço com a Champions League africana e a Copa da Confederação da CAF, havia sido confirmada por Motsepe, homem mais rico da África do Sul e que comandou um período glorioso do Mamelodi Sundowns, no começo de julho. Ele havia prometido mais detalhes no lançamento oficial.
Segundo a CAF, 24 clubes de três regiões e de mais de 16 países diferentes disputarão 197 partidas – no máximo 21 para os finalistas – chegando a uma decisão “no estilo Superbowl”. Serão três grupos regionais de oito, com a maioria dos times avançando a um mata-mata “estilo norte-americano”, segundo a DW, o que sugere jogo único. Haverá promoção e acesso por meio de playoffs, mas ainda não ficou claro o que acontecerá com as ligas nacionais. No total, o bolo de premiação será de US$ 100 milhões, com o vencedor levando US$ 11,6 milhões.
Além disso, segundo a BBC e a DW, cada um dos 54 membros da Confederação Africana receberá US$ 1 milhão por ano da Superliga Africana de um fundo de desenvolvimento, com cerca de US$ 50 milhões nas mãos da entidade para serem direcionados ao futebol das categorias de base e feminino. À emissora britânica, Motsepe falou em arrecadar “entre US$ 250 milhões e US$ 300 milhões” com a nova competição e que cada participante receberá US$ 2,5 milhões “para ajudar com transporte e hospedagem, mas também para contratar jogadores”.
Em declarações publicadas no site da CAF, Motsepe afirmou que a motivação primordial é aumentar a arrecadação dos clubes africanos. “A Superliga Africana é um dos empreendimentos mais empolgantes da história do futebol africano e o objetivo em termos do que estamos tentando alcançar é muito claro. O número 1 assegurar que o futebol de clubes africano seja de primeira linha para competir com o melhor do mundo. Isso é sobre o futuro do futebol africano, sobre africanos tomando controle do seu futuro. Para isso, precisamos de dinheiro”, disse.
“Futebol é sobre finanças. É sobre ter um produto e o apoio comercial para ele. O sucesso do clube de futebol é baseado em viabilidade comercial. A Superliga Africana para nós é a intervenção mais importante para desenvolvimento e avanço do futebol na África. Os clubes africanos nunca tiveram uma boa fundação, financeiramente, para manter alguns dos melhores jogadores na África, para eles ficarem na África. Eles amam o continente, querem estar na África, então a parte financeira do clube é uma questão crucial e esperamos conseguir melhorar a qualidade do futebol. Precisamos fazer com que os espectadores se animem em assistir ao futebol local, que seja tão bom quanto ver futebol em qualquer lugar do mundo”, completou.
A ideia original da Superliga Africana é do presidente da Fifa, Gianni Infantino, que atuou como um importante cabo eleitoral de Motsepe na eleição presidencial de março de 2021. Ao contrário da Superliga Europeia, a Africana não recebeu tanta oposição interna. Presente no evento, Infantino disse que, na sua opinião, são duas coisas diferentes. “Primeiro de tudo, é uma proposta completamente diferente do que foi proposto na Europa, que foi uma espécie de ruptura com as estruturas. Isso está sendo feito dentro da estrutura da CAF, da Fifa, da estrutura de pirâmide do futebol”, explicou, segundo a BBC.
O sindicato de jogadores da África do Sul, porém, emitiu uma mensagem de oposição. “O futebol profissional na África do Sul e na África pode estar em risco se a resolução de começar uma Superliga for implementada e pode não haver volta dos destroços que a Superliga pode se tornar”, disse, segundo a Reuters. O presidente do sul-africano Cape Town City, John Comitis, disse que a ideia é “super boba” e matará o futebol africano, de acordo com a DW. “Você pode apagar as luzes das ligas nacionais”, disse.
Ainda faltam mais detalhes sobre como funcionarão a promoção e o rebaixamento, além do que será das ligas nacionais em um calendário recheado por mais uma competição continental – Motsepe disse que as três terão que co-existir, de acordo com a BBC. Também não está claro de onde virá o financiamento dos valores prometidos por Motsepe, que anunciou no congresso da CAF que todos as 54 associações africanas prometeram votar em Gianni Infantino nas próximas eleições presidenciais da Fifa, no próximo ano.