Goal!

Depois de tantas tentativas fracassadas como ‘Fuga para a Vitória’, estrelado por Pelé e Sylvester Stallone, ‘Goal!’ (ainda sem título em português) foi mais uma cartada do ‘mainstream’ hollywoodiano para aproveitar da paixão pelo esporte. A dificuldade em se recriar cenas de jogo com veracidade sempre foi um empecilho para dar realismo aos filmes – exatamente a tarefa que se dizia ter sido alcançada pelo diretor Danny Cannon.

Aparentemente, não deu muito certo. O filme foi recebido com bastante frieza na Inglaterra, onde maior parte da trama se passa. Não é exatamente uma surpresa porque além de um certo sabor ianque no roteiro (mesmo o filme tenso sido dirigido por um inglês), a Premier League experimenta a sua primeira queda de público consistente desde que foi iniciada no início dos anos 90 – cortesia de ingressos a preços astronômicos e a uma cautela irritante dos técnicos.

O enredo é sobre um imigrante ilegal mexicano que vive em Los Angeles (Santiago Munez, interpretado pelo ator Kuno Becker) que é descoberto por um ex-jogador do Newcastle (Glenn Foy, o Merlin de ‘Rei Arthur’) e vai tentar a sorte na Premier League.

O resto da trama, você já conhece – mesmo que não tenha visto o filme. É um grande clichê do tipo ‘siga seu coração e vá atrás de seu sonho’. Ok, não é um problema intransponível, desde que você esteja disposto a assistir um ‘blockbuster’. Se você está atrás de um filme artístico, saia fora.

O argumento é simplório, o roteiro é permeado de clichês e o recurso usado pelo diretor para comprovar que Santiago é um craque é uma série infindável de dribles que você vê uma vez por década, num único jogo. Munez, no entanto, dá pelo menos dez fintas utópicas a cada 45 minutos de jogo, que acabam convencendo seu treinador (uma xérox britânica de Arséne Wenger) que ele merece um lugar no time mesmo tendo só alguns dias de clube.

‘Goal!’ não é só uma concessão para ganhar dinheiro. As cenas do estádio de St. James Park são fantásticas, o roteiro tem espaços para a aparição de diversos jogadores (Zidane, Raúl, Beckham, Shearer, entre outros) e até mesmo o técnico da Inglaterra, Sven Goran Eriksson, aparece fazendo uma ponta. Curiosamente, Eriksson – em sua única aparição, num coquetel para o Real Madrid, aparece conversando com uma bela modelo, o que certamente não ajuda em sua reputação de ‘latin lover’ escandinavo.

De uma maneira geral, o filme vale a pena de ser assistido. Verdade: tem muitos clichês e nitidamente se vê que é endereçado ao mercado americano – um imenso Yukon a ser explorado pela Fifa (que teve participação ativa na produção do filme). Contudo, se você não estiver exigindo um ‘Poderoso Chefão’, vai se entreter e sair da sala com vontade de comprar uma camisa do Newcastle na lojinha do clube em St. James Park.

Foto de Equipe Trivela

Equipe Trivela

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