Especial 150 anos do futebol: O futebol e sua família

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“Serei, acaso, redondo assim, para me dardes ambos pancada sem parar, como se eu fosse bola de futebol? Sem mais nem menso, me aplicais pontapés.” William Shakespeare escreveu essas palavras em “Comédia de Erros”, peça do final do século 16. A referência ao futebol merece especial atenção se considerado que o esporte como é conhecido hoje foi oficialmente criado apenas em 1863.

O escritor inglês não tinha dons premonitórios. Ele usou o termo “football” como menção a um jogo medieval em que multidões formavam os times e o objetivo era anotar um gol localizado a quilômetros de distância. Foi dessa atividade que surgiu o futebol atual, mas a história é bem menos linear do que se pode supor.

Na codificação do futebol, duas correntes ganharam força. A de Cambridge, que defendia o jogo prioritariamente com os pés, e a de Rugby, que adotava as mãos para carregar a bola. Com a presença inglesa em negócios por todo o mundo no século 19 e início do 20, as duas modalidadesse espalharam e ganharam novas versões.

E, alguns países, tais esportes conquistaram tanta popularidade que acabaram tomando para si o nome “football”. O termo se refere ao futebol na maior parte do mundo, mas pode significar futebol americano (Estados Unidos) e futebol canadense (Canadá), enquanto é possível encontrar quem use a palavra para se referir a rúgbi (Nova Zelândia), futebol australiano (Austrália) e futebol gaélico (Irlanda). Até na Inglaterra havia confusão com tantos jogos usando o mesmo nome.

Para evitar confusão, os ingleses (e não os norte-americanos, como se crê muitas vezes) inventaram o termo “soccer”. A versão mais aceita é que foi criado por Charles Wreford-Brown, capitão da seleção inglesa na década de 1880, usando o “soc” de “association”. A palavra é utilizada até hoje em países em que outra modalidade da família do futebol é tão ou mais popular.