Galvão Bueno é a figura mais conhecida quando se fala sobre transmissão esportiva no Brasil. É um narrador com voz marcante, enorme carisma e tecnicamente um dos melhores que o país já teve. Com seu jeito de editorializar muitas transmissões, dando alguns chiliques em uns momentos, desabafos e, sim, também boas análises, conquistou o amor (e um pouco de ódio) dos brasileiros. Ele fala muitas coisas que não concordamos, às vezes exagera na defesa da seleção brasileira (ou na crítica a ela). Passa do ponto em alguns momentos, sim. Ele segue sendo, porém, uma das vozes mais importantes do jornalismo esportivo. Então, quando ele fala alguma coisa sobre a violência de torcidas em episódios recentes de forma tão assertiva quanto fez nesta terça, no Twitter, vale a pena ouvir. Ou melhor, ler.
Alguns o consideram um chato e não aguentam ver jogo com ele, mas grande parte fica mais à vontade quando ele comanda a transmissão. Desde que ele entrou no Twitter, tem sido muito divertido acompanhar a interação do profissional com o público. E nesta terça-feira, ele mandou um papo reto falando com os (poucos) torcedores do Palmeiras que atiraram pedras no ônibus do clube; com torcedores do Botafogo que partiram para cima do agora ex-técnico Zé Ricardo, no aeroporto, em um ato covarde; falou também dos animais de torcidas de São Paulo e Corinthians que foram se encontrar para brigar em Ferraz de Vasconcelos; aproveitou para criticar o que chamou de “infame ideia de torcida única”; falou sobre o torcedor rival ser alguém que pode estar ao seu lado na escola de samba, se divertindo ou comentando sobre a novela; por fim, chamou esses torcedores de bandidos e pede que deixem o futebol em paz.
Como uma das vozes mais ouvidas da imprensa esportiva, levantou a sua grande e importante voz para falar algumas coisas que devem fazer ao menos pensar. Bons tópicos que Galvão Bueno já tinha levantado no seu programa de segunda-feira no SporTV, o Bem, amigos. Vale ler, pensarmos e discutirmos. Há muito a ser feito.
Eu queria bater um papo com uma minoria de pessoas.
Bem minoria. Você torcedor do Palmeiras que sai de casa e ao invés de incentivar e aplaudir o seu time campeão brasileiro, um dos melhores do país neste momento, sai de casa pra tacar pedra no ônibus do seu time.— Galvão Bueno (@galvaobueno) April 16, 2019
E se acerta no motorista? Ou no roupeiro? Ou no craque de milhões de reais?
Quem é que ganha com isso? Será que alguém ganha com isso?— Galvão Bueno (@galvaobueno) April 16, 2019
Também quero bater um papo reto com o torcedor do Botafogo. Aliás, uma minoria. Que arma uma emboscada verbal pro tecnico Zé Ricardo, que teve coragem de sair pelo portão principal do aeroporto enquanto o time saiu pela pista.
— Galvão Bueno (@galvaobueno) April 16, 2019
Um trabalhador brasileiro, um pai de família e que foi covardemente agredido verbalmente e reagiu de forma muito educada pois é uma pessoa bem educada e não reagiu.
— Galvão Bueno (@galvaobueno) April 16, 2019
Meu papo também é para uma parcela mínima de torcedores de São Paulo e Corinthians, que transformaram em trincheira de guerra uma rua em Ferraz de Vasconcelos, em São Paulo. Gente esfaqueada, baleada, catorze feridos!! O que é que vocês querem?
— Galvão Bueno (@galvaobueno) April 16, 2019
Não basta o poder público acabar com o charme histórico do futebol adotando essa infame ideia da torcida única? O que vocês querem? Que as estações de trem e metrô fechem durante os dias de jogos? Que o futebol seja proibido no país por falta de segurança?
— Galvão Bueno (@galvaobueno) April 16, 2019
Esse cara, esse torcedor rival, que você xingou, que você agrediu… amanhã ele pode estar numa escola de samba contigo se divertindo.
Ou pode estar na rede social comentando o capítulo da novela do dia…— Galvão Bueno (@galvaobueno) April 16, 2019
Então, sejam um pouquinho racionais. Aliás, sejam um pouquinho humanos. Mas quer saber? Eu não vou perder mais tempo com vocês não.
Vocês não são torcedores. Vocês são bandidos. Deixem o futebol em paz.— Galvão Bueno (@galvaobueno) April 16, 2019